terça-feira, 22 de janeiro de 2013

REACENDAMOS A CHAMA DO CARISMA

Sobre a Carta Circular do Ministro Geral, Frei Muro Jöhri, a todos os Frades da Ordem Sobre a Formação Inicial: “Reacendamos a chama do nosso carisma”!

Assessorado por Frei Mariosvaldo, OFMCap. o segundo dia da Shola fratum começou com a celebração Eucarística. A Sagrada Liturgia nos fez caminhar com Jesus e seus discípulos que colhiam trigo em dia de sábado. Percebemos a partir do Evangelho que não devemos fixar em somente normas. Elas existem e fazem parte da vida. Como um carro que tem o velocímetro para conferirmos a velocidade e não passarmos do necessário. Entretanto, o instrumento não pode ser absolutizado. Assim, também são nossas estruturas e documentos. Sem eles perdemos o rumo, mas absolutizá-los e não saber reler os tempos também é se perder.

Como formadores devemos ter esse discernimento. Saber utilizar o que temos em favor da formação e do Evangelho.

A “Carta Circular a todos os Frades da Ordem Sobre a Formação Inicial” iluminou as reflexões. Segundo Frei Mariosvaldo, essa carta foi e é um marco na Ordem. Ela foi a abertura para quebras de paradigmas e ainda é atual, precisamos sempre revê-la.

A partir de dados observáveis o Ministro Geral, Frei Mauro, apresenta algumas urgências que fazem-se necessárias refletirmos a começar pelo questionamento fundamental sobre a missão: “Onde está o espírito missionário dos capuchinhos que moveu a Ordem pelos séculos?” Isso deve ser retomado, lembrando-se dos primeiros irmãos capuchinhos que, buscando uma vida mais radical, foram para os eremitérios, e surgindo a necessidade de cuidar das pessoas que sofriam com a epidemia de peste, saíram e foram sem medo ao encontro das pessoas e inúmeros morreram. E foi justamente a isso que sobrevivemos como nova presença franciscana no mundo.

Na carta, o Ministro Geral lembra ainda dos projetos pessoais e dos fraternos. Os primeiros não devem estar acima dos fraternos. Devemos ter consciência que ao entrarmos na Vida Consagrada renunciamos projetos em prol de algo maior. A clareza do que se quer se faz fundamental na caminhada franciscano-capuchinha.

Os trabalhos manuais e domésticos também são uma atividade salutar. Corre-se o risco de ter muitos funcionários e acostumarmos sempre a ser servidos. Nesse caso o espírito de serviço e doação fica apagado e a doação de si mesmo parece ser um escândalo. A identidade de irmãos menores, nesse caso, se torna insistência.

O Frade Menor Capuchinho é chamado a reconhecer que a meta última da opção de vida é seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Francisco de Assis depois de sua conversão, jamais deixou esse seguimento. Nosso Pai Seráfico é modelo e exemplo para nós.

Na vivencia fraterna e de minoridade, frei Mariosvaldo lembra que o Ministro Geral deixa claro que, a contemplação é fundamental. Como atingir e deixar o Espírito agir se não paramos? Se gastamos tempo demais com os meios de comunicação (TV, internet, etc)? É preciso viver a contemplação para que o nosso DNA (sempre se renovar, continua busca) apareça e frutifique. Ou seja, é preciso:

ü  Vida fraterna em minoridade;
ü  Contemplação;
ü  Aproximar e viver “com e como” os pobres;
ü  Cultivar o carisma da renovação contínua.
São esses os elementos fundamentais do nosso carisma franciscano-capuchinho.

Mas como transmitir esses valores durante a Formação Inicial? Frei Mariosvaldo, afirma que a formação inicial tem o compromisso de mostrar os valores para ser incorporados. Isso se apresentada aproximando aos poucos. Mas é necessário confrontar para que o candidato à nossa vida capuchinha amadureça e assuma a ‘fé adulta’.

O formador deve exercer uma “paternidade psíquica e espiritual”. Para frei Mariosvaldo, alguns fazem confusão com a ideia  de que todos devem ser “irmãos/iguais”.
Outra questão que Frei Mariosvaldo aprestou foi sobre o objetivo de acompanhar o canditado. Ter em mente que se os valores da etapa não foram incorporandos não se deve passar o candidato para a próxima etapa. É necessário dar uma ‘medicina’ para ajudar no amadurecimento. Em grande parte é preciso confrontar o formando. Então, o papel de ‘paternidade’ madura, que leva a pessoa ao mistério, a entrega total, é necessária e preciso para que ocorra a transmissão de valores.

O formador precisa confrontar o formando em diversos temas. Caso ele se omita, o candidato não entenderá o processo. Para que conheça o caminho o jovem deve escutar o que aquela equipe formativa vê e aponta. Algumas coisas devem ser ditas claramente. Avaliações, conversas, partilhas, para que no fim de cada etapa possa se dar uma resposta coerente para os candidatos.

Tudo isso faz parte do processo iniciático que vai se desenrolar nas etapas formativas: postulantado, noviciado e pós-noviciado.
O tempo do pós-noviado não é em sua essência período para estudo acadêmico. Entretanto, para a maioria das províncias o comum é estudo para o presbiterato. A fraternidade acaba girando em torno da universidade. Quanto isso acontece a formação capuchinha parece terminar no noviciado. Pensar a formação presbiteral depois do pós-noviciado se apresenta como um absurdo em um contexto clerical. Para o ministro geral é preciso distinguir claramente a formação pra o sacerdócio e para uma profissão. A formação para nossa vida deve ter possibilidade absoluta.

Segundo Frei Mariosvaldo, no Brasil as circunscrições estão todas adequadas, no pós-noviciado, ao horário das universidades. Com diferenciações, mas normalmente focadas na formação para o sacerdócio. Alguns têm experiência de um intervalo entre a filosofia e a teologia, de um ou dois anos, mas, ele lembra que isso ainda não responde adequadamente a formação especificamente para nossa vida. Parece ser o início de uma tentativa de aprofundar nosso carisma franciscano-capuchinho. 

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