Sobre a Carta Circular do
Ministro Geral, Frei Muro Jöhri, a todos os Frades da Ordem Sobre a Formação
Inicial: “Reacendamos a chama do nosso carisma”!
Assessorado por Frei Mariosvaldo,
OFMCap. o segundo dia da Shola fratum
começou com a celebração Eucarística. A Sagrada Liturgia nos fez caminhar com
Jesus e seus discípulos que colhiam trigo em dia de sábado. Percebemos a partir
do Evangelho que não devemos fixar em somente normas. Elas existem e fazem
parte da vida. Como um carro que tem o velocímetro para conferirmos a
velocidade e não passarmos do necessário. Entretanto, o instrumento não pode
ser absolutizado. Assim, também são nossas estruturas e documentos. Sem eles
perdemos o rumo, mas absolutizá-los e não saber reler os tempos também é se
perder.
Como formadores devemos ter esse discernimento.
Saber utilizar o que temos em favor da formação e do Evangelho.
A “Carta Circular a todos os
Frades da Ordem Sobre a Formação Inicial” iluminou as reflexões. Segundo Frei
Mariosvaldo, essa carta foi e é um marco na Ordem. Ela foi a abertura para
quebras de paradigmas e ainda é atual, precisamos sempre revê-la.
A partir de dados observáveis o Ministro
Geral, Frei Mauro, apresenta algumas urgências que fazem-se necessárias
refletirmos a começar pelo questionamento fundamental sobre a missão: “Onde
está o espírito missionário dos capuchinhos que moveu a Ordem pelos séculos?” Isso
deve ser retomado, lembrando-se dos primeiros irmãos capuchinhos que, buscando
uma vida mais radical, foram para os eremitérios, e surgindo a necessidade de
cuidar das pessoas que sofriam com a epidemia de peste, saíram e foram sem medo
ao encontro das pessoas e inúmeros morreram. E foi justamente a isso que
sobrevivemos como nova presença franciscana no mundo.
Na carta, o Ministro Geral lembra
ainda dos projetos pessoais e dos fraternos. Os primeiros não devem estar acima
dos fraternos. Devemos ter consciência que ao entrarmos na Vida Consagrada
renunciamos projetos em prol de algo maior. A clareza do que se quer se faz
fundamental na caminhada franciscano-capuchinha.
Os trabalhos manuais e domésticos
também são uma atividade salutar. Corre-se o risco de ter muitos funcionários e
acostumarmos sempre a ser servidos. Nesse caso o espírito de serviço e doação
fica apagado e a doação de si mesmo parece ser um escândalo. A identidade de
irmãos menores, nesse caso, se torna insistência.
O Frade Menor Capuchinho é
chamado a reconhecer que a meta última da opção de vida é seguir os passos de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Francisco de Assis depois de sua conversão, jamais
deixou esse seguimento. Nosso Pai Seráfico é modelo e exemplo para nós.
Na vivencia fraterna e de
minoridade, frei Mariosvaldo lembra que o Ministro Geral deixa claro que, a
contemplação é fundamental. Como atingir e deixar o Espírito agir se não
paramos? Se gastamos tempo demais com os meios de comunicação (TV, internet,
etc)? É preciso viver a contemplação para que o nosso DNA (sempre se renovar,
continua busca) apareça e frutifique. Ou seja, é preciso:
ü Vida
fraterna em minoridade;
ü Contemplação;
ü Aproximar
e viver “com e como” os pobres;
ü Cultivar
o carisma da renovação contínua.
São esses os elementos
fundamentais do nosso carisma franciscano-capuchinho.
Mas como transmitir esses valores
durante a Formação Inicial? Frei Mariosvaldo, afirma que a formação inicial tem
o compromisso de mostrar os valores para ser incorporados. Isso se apresentada
aproximando aos poucos. Mas é necessário confrontar para que o candidato à
nossa vida capuchinha amadureça e assuma a ‘fé adulta’.
O formador deve exercer uma “paternidade
psíquica e espiritual”. Para frei Mariosvaldo, alguns fazem confusão com a ideia
de que todos devem ser “irmãos/iguais”.
Outra questão que Frei
Mariosvaldo aprestou foi sobre o objetivo de acompanhar o canditado. Ter em
mente que se os valores da etapa não foram incorporandos não se deve passar o
candidato para a próxima etapa. É necessário dar uma ‘medicina’ para ajudar no
amadurecimento. Em grande parte é preciso confrontar o formando. Então, o papel
de ‘paternidade’ madura, que leva a pessoa ao mistério, a entrega total, é
necessária e preciso para que ocorra a transmissão de valores.
O formador precisa confrontar o
formando em diversos temas. Caso ele se omita, o candidato não entenderá o
processo. Para que conheça o caminho o jovem deve escutar o que aquela equipe
formativa vê e aponta. Algumas coisas devem ser ditas claramente. Avaliações,
conversas, partilhas, para que no fim de cada etapa possa se dar uma resposta
coerente para os candidatos.
Tudo isso faz parte do processo
iniciático que vai se desenrolar nas etapas formativas: postulantado, noviciado
e pós-noviciado.
O tempo do pós-noviado não é em
sua essência período para estudo acadêmico. Entretanto, para a maioria das províncias
o comum é estudo para o presbiterato. A fraternidade acaba girando em torno da
universidade. Quanto isso acontece a formação capuchinha parece terminar no
noviciado. Pensar a formação presbiteral depois do pós-noviciado se apresenta
como um absurdo em um contexto clerical. Para o ministro geral é preciso
distinguir claramente a formação pra o sacerdócio e para uma profissão. A formação
para nossa vida deve ter possibilidade absoluta.
Segundo Frei Mariosvaldo, no Brasil
as circunscrições estão todas adequadas, no pós-noviciado, ao horário das
universidades. Com diferenciações, mas normalmente focadas na formação para o sacerdócio.
Alguns têm experiência de um intervalo entre a filosofia e a teologia, de um ou
dois anos, mas, ele lembra que isso ainda não responde adequadamente a formação
especificamente para nossa vida. Parece ser o início de uma tentativa de
aprofundar nosso carisma franciscano-capuchinho.