sábado, 1 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
CARTA DO MINISTRO GERAL
Carta Circular a todos os
Frades da Ordem
Sobre a Formação Inicial
(Prot. N. 00766/08)
Reacendamos a
chama do nosso carisma!
Caros irmãos,
1.
Na Carta programática do início do sexênio[1], no ponto três, anunciava a decisão do
Definitório Geral “de constituir um Conselho Internacional da Formação[2]” para apoiar o Departamento Geral da Formação.
Isto para “possibilitar uma visão atualizada do que ocorre no campo formativo,
tanto no que se refere à formação inicial quanto à formação permanente”[3]. A decisão amadureceu em seguida ao Capítulo Geral
de 2006 tendo em conta as primeiras experiências que o Definitório Geral teve
no contato direto com várias Circunscrições. Depois do primeiro ano de serviço
como Ministro Geral e como Definidor, nos fizemos esta pergunta: “O que é mais
necessário à nossa Ordem neste momento?” A resposta unânime foi: “a formação”.
Por isso quisemos apoiar e incrementar o empenho que houve até agora neste
setor e decidimos renovar o
Departamento Geral da Formação[4], que no seu conjunto e nas suas diversas
articulações quer cumprir o que está prescrito nas Constituições, 24. O
Departamento Geral da Formação é presidido por um Definidor Geral, enquanto
acompanhador e natural intermediário entre o mesmo Departamento Geral da
Formação e o governo da Ordem. O Secretariado Geral da Formação, composto
atualmente de quatro frades provenientes de diversas áreas[5], tem a tarefa de colaborar diretamente com o
Ministro Geral e seu Definitório em tudo o que concerne os vários âmbitos da
formação (inicial, especial e permanente). Ele tem a tarefa de refletir e de
projetar, mas também um papel executivo. Este organismo central da Cúria Geral
é de fundamental importância para a vida da Ordem; desejamos vivamente que sua
ação, segundo os objetivos previstos pelas Constituições, se desenvolva ainda
mais e resulte sempre mais em benefício de toda a nossa Fraternidade. Enfim o
Conselho Internacional da Formação colabora com o Secretariado Geral como órgão
de consulta e de avaliação.
2.
Em minha Carta
faço algumas considerações principalmente sobre desafios emergentes no âmbito
da formação inicial, mesmo se é mais do que evidente que o discurso poderia ser
ampliado sem problemas para a formação especial e a permanente[6]. De fato quando em alguma parte aparece um
elemento de fragilidade, pode-se ter certeza de que isto está ligado a uma
série de fenômenos que tocam todo o organismo. As incertezas que podem ser
encontradas no percurso da formação inicial não são senão um reflexo das
incertezas constatadas na vivência quotidiana dos frades. Quando a percepção do
carisma se torna incerta, isso repercute no plano de iniciação à nossa vida. É
evidente então que se trata de fazer escolhas. Como Definitório Geral optamos
por tratar do tema pela porta da formação inicial. Estamos conscientes de que
jamais se poderá enfrentar de modo adequado um aspecto da formação sem tocar os
outros. Há quem afirme que a crise da formação inicial se deve essencialmente à
crise da formação permanente. Faltando um sério caminho de adequação aos
valores da vida fraterna evangélica, temos pouco a dizer e ainda menos a exigir
de quem empreende o caminho inicial. Isto certamente é verdade. Outros, ao
contrário, afirmam que a crise é sobretudo dos formadores, que não sabem muito
bem como conduzir sua tarefa e frequentemente dedicam mais tempo a outras
incumbências do que à formação[7]. De qualquer parte que se queira iniciar o
discurso as interrogativas que me ponho são: sob quais aspectos se deverá
insistir para corrigir as tendências problemáticas que logo indicarei? E ainda,
em que modo se impostará a formação inicial, para que o candidato à nossa vida
descubra, também através do esforço, a beleza inerente à doação total de si
mesmo?
1.
Algumas urgências do momento
4.
Esta carta tem origem num elemento mais específico de quanto foi dito até
agora. Quero com isso participar a vocês algumas preocupações que tenho comigo
e que se fundam em dados observáveis. Tentarei fazer um elenco não
exaustivo, consciente de que se trata de tendências. Encarando-as agora podem
ser vistas na sua real dimensão, evitando alarmismos inúteis. Cabe às
Instituições que citei acima fornecer dados ulteriores e elaborar propostas
concretas para vivenciar plenamente o carisma capuchinho no presente e no
futuro imediato. Antes de tudo é preciso reacender a chama de nosso carisma,
lembrar que Francisco nos quis como frades menores e que no seu projeto de
vida, institucionalmente fez abstração das conotações clericais e laicais, como
traços constitutivos dos membros da Ordem.
5.
Mas vamos às urgências às quais acenei e que recolhi como minhas impressões em
vários pontos da Ordem. As visitas às várias Circunscrições, a presidência de
Capítulos, o confronto com o Definitório Geral, mas também o estudo dos
relatórios da metade do triênio, propiciam ótima observação sobre o que a Ordem
está vivendo em vários níveis.
1.1
Onde está o espírito missionário?
6.
O primeiro dado concreto diz respeito à queda na disponibilidade de ser enviado
em missão para primeira
evangelização ou para lugares em situações difíceis por razões econômicas,
sociais e políticas. Repetidamente nossa Ordem é convidada por Pastores de
Igrejas locais para assumir a responsabilidade pastoral de lugares onde é
necessária a primeira evangelização ou onde ocorre fortalecer um trabalho
iniciado há poucos decênios. Constatamos que é muito difícil aderir a tais
pedidos, e isto também da parte de Circunscrições com um bom número de
vocações. As maiores dificuldades devem-se ao fato de que este tipo de empenho
requer grandes sacrifícios e freqüentemente exige estabelecer-se em lugares
privados das estruturas de comunicação às quais nós estamos habituados um pouco
em toda parte (acesso à internet, etc.). Preocupa-me o fato que muitos se concentram
primariamente sobre o que poderia vir a faltar a si mesmos, enquanto nos
esquecemos facilmente das pessoas que ainda não conhecem o Evangelho ou que
precisam ser acompanhadas em sua caminhada de integração dos valores cristãos.
Posso citar-lhes mais de um caso onde se nota esta dificuldade de ir a
territórios pobres e às vezes perigosos. Graças a Deus, tenho encontrado também
jovens dispostos a partir imediatamente, para desafios novos e exigentes. Não
quero tampouco esquecer os irmãos que há muito tempo dedicam a sua vida à
missão.
A resistência a empenhar-se onde as condições
de vida são difíceis, deve ser entendida no substrato de um elemento que
caracteriza o nosso carisma capuchinho: prontos a andar onde ninguém está
disposto a ir, prontos a deixar o eremitério para prestar sua ajuda
incondicional a quem sofre de doenças incuráveis ou entre os que ainda não
receberam o primeiro anúncio da fé. É parte integrante de nosso carisma assumir
tarefas missionárias em fraternidade e promover em qualquer lugar o espírito
fraterno, envolvendo as pessoas, enfrentando e resolvendo conjuntamente os
desafios encontrados[8].
7.
Outro dado que tenho encontrado diz respeito ao tempo consagrado à presença
missionária. Existem Circunscrições que deram o seu “sim” para ir a um país ou
território de “missão”, mas se encontram a mendigar ou às vezes a pelejar com
frades destinados à missão pois freqüentemente o tempo de permanência se reduz
a três anos ou pouco mais. Alguns confrades condicionam a sua disponibilidade
para a missão à promessa de poder em seguida prosseguir estudos superiores.
Pergunta-se: como poderemos conhecer a fundo uma cultura se não nos damos nem o
tempo de aprender e aprofundar a língua do lugar? Como poderemos amar a
população a nós confiada se, com a mente e o coração estamos em outro lugar?
Existe verdadeiramente o perigo de introduzir um tipo de obediência
condicional: “Estou disposto a fazer o que me é pedido, contanto que não dure
mais de tanto tempo!” Também neste caso não esquecemos os frades que há tantos
anos vivem em contextos bastante diferentes dos de sua origem e estão dispostos
a continuar na sua missão até à morte. As Circunscrições que enviam irmãos a
outros países confiando a eles a tarefa da primeira evangelização ou de suporte
às igrejas locais, devem empenhar-se em sustentá-los adequadamente para que não
se sintam sós e deixados à sua própria sorte.
1.3
Trazer no coração um projeto para o povo
8.
Vejo nos candidatos das jovens Circunscrições um desejo muito forte de poder um
dia achegar-se às Circunscrições do norte, para adquirir estabilidade. Há quem
pensa que por “ser de fato” capuchinho tenha adquirido o direito de ter acesso
em seguida, a uma especialização universitária. É evidente que não podemos
sustentar tal coisa, sob pena de nos tornarmos uma agência de promoção social.
A Ordem não é contrária a garantir formação adequada a quem se destina à
formação, ao ensino ou a outros serviços à fraternidade. Se não temos um
projeto global para melhorar as condições de vida e de fé das pessoas, nos
tornamos facilmente vítima de egoísmos de partido. Não nos “tornamos frades” só
para nós mesmos, e nem também nos
“fizemos frades” para ascender a um melhor padrão de vida, mas para
viver o nosso carisma fraterno e testemunhá-lo no meio do povo, onde nascemos
ou onde somos levados pela divina inspiração e com o mérito da santa
obediência, sempre na partilha da condição social do povo humilde e dos pobres
do lugar. E se somos convidados para estudos superiores é para que as pessoas a
nós confiadas possam ser beneficiadas. Não sendo por isso, que sentido há?
1.4
Passar de projetos pessoais a projetos fraternos
9.
Nas Circunscrições onde as vocações são escassas e os candidatos, às vezes, têm
uma média de idade elevada, percebo a forte tendência a considerar a escolha de
nossa vida uma busca de auto-realização. O perigo é que cada um tenha seu
próprio projeto pessoal para realizar sem ter em conta o da fraternidade. Deste
modo o aspecto pessoal é exasperado e acentuado de modo totalmente
individualista e narcisista. Quem abraça a nossa forma de vida deve ser
orientado para ter consciência da forma de vida à qual renunciou, só assim
poderá conscientemente assumir e exercitar a vida nova. O confiar-se à
fraternidade, pronunciado no momento da Profissão dos Conselhos evangélicos,
exige um verdadeiro e próprio caminho de descentralização, um passar do meu
projeto pessoal ao fraterno. Neste contexto deve-se pôr em discussão também
todas aquelas idealizações do nosso carisma que constituem um álibi para não
aceitar a fraternidade real, a dos irmãos que o Senhor de fato nos deu e não os
que queremos. Quem chega a nós depois de ter passado por um processo de
conversão, se os tempos do acompanhamento não foram adequados e bastante
longos, freqüentemente tende a regredir a formas e visões não correspondentes
ao nosso ideal e vida. A escolha de nossa vida se torna então um trampolim ou
plataforma para algo que é profundamente estranho. Isto se torna possível porque
uma parte de nós mesmos não tem bem claro o que quer ou também porque falta a
franqueza no repreender um irmão que parece ter abraçado a nossa forma de vida
de modo muito superficial.
1.5
Que os frades trabalhem
10.
Aqui e ali aflora também uma nítida recusa ao trabalho manual e doméstico.
Temos tantos empregados que nos habituamos desde os primeiros anos da formação
a sermos servidos em
tudo. Alguns o fazem para poder dedicar-se plenamente ao
trabalho pastoral enquanto outros porque empenhados nos estudos. Neste caso é a
vida fraterna que deve ser revista, pois nos reduzimos a rezar e a fazer as
refeições juntos, mas tudo o mais é solicitado a outros. Os muitos empregados
também tornam muito difícil o necessário redimensionamento das nossas presenças
e, graças aos empregados pagos, cremos poder dar presença mesmo com um
número reduzidíssimo de frades. O que se
deteriora e morre é o testemunho de fraternidade. Que fazemos nós das repetidas
indicações dos CPOs e outros documentos da Ordem para os quais todos nós
devemos assumir uma parte dos trabalhos da casa?
2.
Qual é a meta última da nossa opção de vida?
2.1
Uma vida doada
11.
Qual é o nosso ideal de vida, se não o de uma doação total e incondicionada de
nós mesmos a Deus e à humanidade inteira? Perguntemo-nos sinceramente: o que é
que dá sentido à nossa opção de vida? Na fórmula da profissão dizemos: “Visto
que o Senhor me inspirou a seguir mais de perto o Evangelho e os passos de
nosso Senhor Jesus Cristo… faço voto a Deus e … me entrego com todo coração a
esta Fraternidade.” O que conta e o que caracteriza a nossa escolha de vida é a
doação total e incondicionada de si mesmo. Que sentido tem falar de
consagração, se colocamos condições e reservamos para nós mesmos, espaços de
tempo e de lugar sobre os quais ninguém tem o direito de inquirir? Eu creio
que, no respeito à vida interior de cada um, a fraternidade pode e deve pedir a
cada irmão individualmente para viver intensamente aquilo que prometeu. Os três
votos abrangem todas as esferas da vida, enquanto tocam o aspecto da livre
realização de si mesmo (obediência), da propriedade (sem nada de próprio) e da
vida afetiva (castidade). A consagração nos diz que colocamos à disposição,
reservada a Deus e aos irmãos, não só uma parte, mas toda a nossa vida.
2.2
Seguir as pegadas de seu Filho dileto, nosso Senhor Jesus Cristo
12.
São Francisco jamais parou de indicar no seguimento de Cristo, humilde e pobre,
o caminho para chegar ao Deus Altíssimo, Uno e Trino[9]. Conformemo-nos Àquele que, sendo rico,
esvaziou-se a si mesmo para assumir a condição de servo (Cfr. Fl 2,7), significa ter bem presente
aquilo que nosso Senhor afirma de si mesmo: “Eu não vim para ser servido, mas
para servir e dar a minha vida em resgata de muitos.” (Mc 10,45). Vêm em minha mente as palavras de nosso São Pio de
Pietrelcina, o qual afirmava que sob a cruz se aprende a amar. O caminho da
auto-realização cristã passa por um processo de esvaziamento: “quem perde a
própria vida por minha causa e a do Evangelho encontrá-la-á” (Mc 8,35) . Recordamos também aquela
forte afirmação, segundo a qual não há maior amor do que dar sua própria vida
por quem se ama (Cfr. Jo 15,13).
Abraçar a vida evangélica significa crescer na dimensão de um amor capaz de
doar-se, significa aprender a amar sem jamais voltar atrás.
13.
Daí resulta que um dos valores a perseguir é exatamente o da disponibilidade,
mesmo quando nos custa. Lembro o que São Francisco escreve na Carta a toda a
Ordem: “Portanto, não retenham nada para si mesmos, a fim de que os receba
totalmente aquele que totalmente se oferece a vocês.”[10]
No início das celebrações do Oitavo Centenário
da confirmação da Proto-regra pelo Papa Inocêncio III, recordamos como
Francisco chegou a esta opção de vida, depois de um longo percurso que o levou
a uma verdadeira descentralização. Se antes evitava os leprosos porque lhe
causavam náusea e permanecia firme nas suas sensações de desgosto, depois,
graças ao próprio Deus, procurou-os e usou de misericórdia[11] para com eles. Em Francisco houve uma
transformação de 180 graus: totalmente para Deus e para os irmãos. Não se
consegue não reter nada para si se não passando por um processo de profunda e,
às vezes, também dolorosa transformação. Mas, realmente, a nossa vida se torna
bonita e sensata exatamente a partir desta dimensão do dom incondicionado,
dimensão esta que somos chamados a assumir conscientemente.
Sinto necessidade de manifestar que não faltam
aqueles que continuam a dar o seu testemunho de plena fidelidade e de solicitude
para com as pessoas a eles confiadas, vivendo em condições bastante difíceis.
Eu encontrei jovens que me disseram: “Ministro Geral, nós estamos prontos a
partir para a missão a que nos destinar!” A reforma capuchinha se caracteriza
por aquele radicalismo do qual falava acima e que a Igreja mesma não para de
recordar-nos: ir onde ninguém está disposto a ir[12] e fazê-lo com alegria[13]. Só um coração que ama e quer o bem das
pessoas mais abandonadas é capaz de fazer isto.
3.
Quais são os valores a transmitir às novas gerações capuchinhas?
14.
Para acolher profundamente a dimensão da doação incondicional de si mesmo, a
iniciação à nossa vida deve fundamentar-se na transmissão de determinados
valores e interrogar-se sobre a modalidade e os tempos desta transmissão. O
caminho formativo exige, além disso, uma verificação precisa do que se
transmite. E não tem sentido falar da transmissão dos valores centrais da nossa
vida se, ao mesmo tempo, não se sente a forte necessidade de insistir na
exigência de encarnar esses mesmos valores na vivência quotidiana de cada
fraternidade e de cada frade. Não existe nada de mais deseducativo do que a
falta de coerência dos formadores e, de certo modo, todos somos formadores,
pelo menos com o nosso exemplo. É este um campo onde não é possível assumir uma
posição de neutralidade: ou somos formadores ou nos tornamos deformadores!
3.
1 A escolha da vida fraterna em
minoridade
15. O fim último de nossa escolha de vida é a
consagração, a doação de nós mesmos. Cada gesto e cada ato tem sentido a partir
da consagração. Acrescenta-se também que existe uma modalidade insubstituível
em nosso modo de realizá-lo. Trata-se da identidade fraterna minorítica,
herança preciosa de São Francisco. Este aspecto foi aprofundado abundantemente nos
últimos decênios e foram feitos diversos contatos com as autoridades da Igreja
para obter o reconhecimento de nosso carisma deixado por São Francisco. Quem
escolhe a nossa vida, o faz em primeiro lugar para tornar-se um frade menor.
Esta é a opção fundamental e que está antes de qualquer especificação subseqüente.
Na Ordem fundada por São Francisco não existem categorias, existem irmãos e
existe cada irmão. Disso resulta que a vida fraterna e a capacidade de
relacionar-se com todos indistintamente, deve ter a primazia em nossa caminhada
quotidiana. Os meus predecessores escreveram páginas intensas sobre isto e os
CPOs (cfr. I, 20-22; II, 22; IV, 14. 22; VII, 7) várias vezes iluminaram
devidamente o mesmo aspecto. Todavia, a prática o confirma, a Ordem ainda está
fortemente inclinada a favorecer em primeiro lugar a formação dos frades
orientados às ordens sacras. Na formação inicial, em particular durante o
pós-noviciado, a inclusão dos estudos filosóficos e teológicos, privilegia de
fato a escolha clerical. Somos uma Ordem de irmãos segundo a “revelação” que o
Senhor fez a Frei Francisco, dando-lhe irmãos e mostrando-lhe que devem viver
segundo a forma do Santo Evangelho[14]. Por isso as nossas Constituições afirmam:
“Viver como irmãos menores uns para com os outros é a parte fundamental da
vocação franciscana. Por isso a vida fraterna deve ser sempre e em toda parte
uma exigência fundamental no processo de formação.” (Const. 23, 4)
6. São Francisco atribui seu caminho de conversão
e o início da nova fraternidade evangélica minorítica à intervenção do próprio
Deus. Por isso não cessará jamais de restituir a Deus o que a Ele pertence, numa oração que assume
sobretudo as conotações de louvar, de honrar, de bendizer, de agradecer e dar
glória. E Francisco não se cansa de convidar os seus frades a fazer o mesmo,
estendendo o convite a todos os povos, aos governantes, a todas as criaturas.
Ele está dominado pela consciência de um amor que invade continuamente a sua
existência e por isto ele cria formas sempre novas para proclamá-Lo e para
envolver a fazer o mesmo, o maior número de homens e mulheres. O louvor nasce
da contemplação, da prolongada meditação dos grandes eventos da história da
salvação. É assim que se explica o seu enlevo na entusiasta afirmação: “Tu és
tudo, Tu és a nossa riqueza suficiente!”[15].
A reforma capuchinha surgiu a partir de um
desejo profundo de retornar aos eremitérios, lugares afastados, que favoreçam a
intimidade com Deus. As nossas Constituições, desde as primeiras páginas, nos
convidam “a dar prioridade à vida de oração, especialmente contemplativa” (Const. 4,3). O prolongado estar na
presença de Deus, dando-Lhe tempo e afetos, não impediu, mas antes tornou mais
viva a sua capacidade de percepção dos sofrimentos dos outros e dos frades,
quando se manifestava a necessidade de uma ajuda concreta, não interpunham
nenhum obstáculo e com rapidez se colocavam ao serviço dos mais necessitados.
Sem poupar-se. Pergunto-me se as reticências observáveis no campo da missão não
nascem de um enfraquecimento na Ordem da dimensão contemplativa. Quem contempla
um Deus que se doa todo a nós, um Deus feliz exatamente pelo gesto de doar-se[16], não pode permanecer indiferente e não pode
sequer ficar de braços cruzados. De uma vida de oração pela metade só pode
nascer um serviço pela metade, frágil, que desiste ao primeiro obstáculo
encontrado ao longo do caminho.
17.
“A prioridade do espírito e da vida de oração deve ser posta absolutamente em
prática tanto pelas fraternidades como para cada um dos frades, onde quer que
more como é exigido, pelas palavras e pelo exemplo de São Francisco como pela
sã tradição capuchinha.” (Const.
53,1). Freqüentemente nos contentamos em ter participado da oração da
fraternidade, de ter recitado o breviário mesmo sozinho, sem nos preocupar-nos
de dar um passo adiante, o de adquirir o espírito da oração. Este não pode
surgir senão no terreno da interioridade pacientemente cultivada. Como chegar a
esse espírito se passamos horas e horas a consumir indistintamente tudo o que é
oferecido pelos meios de comunicação? É impensável chegar a ele sem capacidade
de renúncia e sem ter bem claro quais são as prioridades da nossa vida.
3.3
Aproximar-se dos pobres
18. As nossas Constituições não se cansam de
repetir dois aspectos fundamentais da nossa escolha de vida franciscana de
pobreza: “cultivar a pobreza radical, tanto pessoal como comunitária,
juntamente com o espírito de minoridade” (Const.
n. 4, 3). No parágrafo seguinte lemos: “Praticando entre nós mesmos a
espontaneidade fraterna, vivamos alegremente no meio dos pobres, dos fracos e
dos enfermos, partilhando sua vida e mantendo nossa abertura característica em
relação ao povo.” (Const. 4, 4)
O que as Constituições afirmam é
claramente o reflexo da vontade de São Francisco expressa com muita força em
algumas passagens da Regra não bulada:
“Todos os frades se empenhem em seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor
Jesus Cristo e se recordem de que nada nos é consentido ter, em todo o mundo,
como diz o apóstolo, senão o alimento e as vestes e com isto devemos nos
contentar.” E imediatamente após Francisco acrescenta: “E devem ficar alegres
quando estiverem entre pessoas de pouca consideração e desprezadas, entre os
pobres e fracos, entre os enfermos e leprosos e entre os mendigos ao longo da
estrada”[17]. Essas suas palavras são
ditadas pela experiência pessoal aprendida na própria pele o que significava
aproximar-se dos leprosos e usar de misericórdia para com eles[18]. “Identificando-nos com a
experiência de Francisco, vamos para junto dos ‘leprosos’ do nosso tempo
empenhando-nos a usar de ‘misericórdia’ para com eles.” (CPO VII). Raramente a companhia dos pobres nos é cômoda e é natural
que sintamos o desejo de evitá-los, de nos comportarmos como o sacerdote e o
levita do Evangelho (Cfr. Lc 10).
Exatamente por isto somos chamados a um longo caminho de conversão para
aprender a ser seus companheiros de caminho e para aliviar suas penas. Se em
nossa mente se insinuasse a preocupação de evitar o mais possível toda presença
ou companhia dos mais pobres e abandonados de nosso tempo e da sociedade na
qual vivemos, então é de peguntar-se seriamente com que direito continuamos a
usar o nome de “frades menores”?
3.4 O
carisma da renovação contínua
4.
Como transmitir estes valores durante a formação inicial?
20.
Os objetivos da formação inicial são
formulados de modo claro e integral pelas nossas Constituições 25, onde se
afirma que os candidatos, guiados pelos formadores, são preparados
progressivamente para a vida franciscana evangélica. O processo de iniciação é
em seguida explicitado na íntegra em cada etapa: postulado, noviciado e
pós-noviciado. Isto implica numa abertura contínua e generosa, a Deus, à
fraternidade e ao mundo inteiro. Se o objetivo final da formação inicial é a
doação de si generosa e incondicional ao seguimento de Cristo nos passos de
Francisco, as diversas etapas devem servir principalmente para isto. Onde se
adverte que existem problemas na obtenção deste resultado é necessário rever e
reajustar as modalidades para chegar àquele espírito de disponibilidade total.
Recorda-se, ainda uma vez, como princípio geral, a necessidade de ter um
itinerário educativo igual para todos os candidatos ao longo das três etapas da
formação inicial.
21.
Desejo esclarecer o meu pensamento, pois temo que, tão logo se acene às
correções que atingem a certos percursos formativos, sobretudo quando se toca
na etapa do pós-noviciado, nós nos perdemos numa longa e inútil inquisição
sobre se esta etapa deve ou não prever o estudo da filosofia em vista do estudo
da teologia. O ponto principal da questão não é este, mas antes o de
identificar a fórmula que melhor permita atingir o objetivo formulado acima: uma
disponibilidade a todo campo. A referência primária desta etapa deve ser a da
consagração religiosa e da profissão da nossa vida, e não o da preparação para
o cumprimento dos deveres e/ou ministérios específicos.
22. Não é aqui o caso de inventar algo de novo,
mas simplesmente reforçar e trazer luzes ao que é proposto pelas nossas
Constituições. Aí estão os elementos que são conscientemente introduzidos e dos
quais ainda não se teve uma boa colheita. Refiro-me em particular ao fato de
que quando as Constituições falam de formação inicial se usa a categoria da
iniciação.
4.1
Um caminho de iniciação
23.
As nossas Constituições distinguem três etapas do caminho formativo que deve
abranger toda a nossa vida: iniciação à nossa vida, formação especial e formação
permanente. A iniciação é orientada à consagração religiosa segundo a
especificidade de nossa forma de vida e à progressiva inserção em nossa
fraternidade através do postulado, do noviciado e do pós-noviciado (Const. 27). A iniciação à nossa vida está
em função do ser frade, enquanto a formação especial se põe em função do agir
dos frades. Como formação especial as Constituições entendem o percurso de
preparação inicial à vida apostólica à qual cada um de nós é chamado a
desenvolver seja no ministério ordenado ou com uma atividade de tipo
profissional, variada e intensa.
O termo iniciação foi introduzido nas
Constituições de 1968 e foi escolhido deliberadamente em analogia à “iniciação
cristã”. Isto significa que o acento principal no caminho formativo se põe na
transmissão e no aprendizado progressivo dos valores e das atitudes
fundamentais da nossa vida, valores aos quais há pouco acenei, mesmo se
brevemente. No centro da preocupação do formador não deve estar a constatação
de quanto um candidato conhece a propósito de nossa forma de vida, com todas as
referências históricas do caso, mas antes até que ponto está decidido. O
caminho formativo comporta necessariamente um caminho de transformação ou uma
conformação a um modelo de vida como nos é proposto por Cristo e por São
Francisco. O carisma franciscano capuchinho não é algo abstrato: são as pessoas
individualmente que devem incarná-lo. Quantos de nós abraçamos esta vida porque
encontramos um frade que nos impressionou profundamente! Daí nasceu o desejo de
abraçar a mesma forma de vida. Isto não acontece num dia, mas exige um caminho
a percorrer progressivamente e onde é necessário deixar-se guiar. Eis porque a
dimensão primeira da formação inicial será ulteriormente aprofundada: devemos
elaborar uma visão integral do caminho a propor em vista de atingir uma sólida
conformação ao nosso carisma. Ocorre esboçar as modalidades deste caminho
progressivo, de modo que os vários agentes da formação, ministros e formadores
encarregados das várias etapas da formação inicial, disponham de referências
válidas e seguras para desenvolver o seu serviço.
24.
Ao formador incumbe uma grande responsabilidade. O desafio que tem diante de si
não é pequeno, mas que deve ser considerado do ponto de vista da beleza do
percurso a seguir. Fundamentalmente trata-se de introduzir alguém numa forma de
vida que foi abraçada pessoalmente e da qual nos sentimos orgulhosos. O
formador é chamado a exercer uma verdadeira paternidade psíquica e espiritual,
favorecendo o caminho de crescimento, deixando a cada um o tempo de assimilar e
de amadurecer, intervindo quando se trata de reajustar o caminho e de levar o
candidato a uma nova etapa. Trata-se necessariamente de um percurso progressivo
que deve propor, a quem se pôs neste caminho, desafios graduais. A formação
deverá ser configurada de modo a consentir um real crescimento na maturidade
afetiva, na fé “adulta” e na interiorização dos valores. A iniciação traz
consigo também o aspecto experiencial, momentos nos quais o irmão em formação é
confrontado concretamente com os vários aspectos dos valores de que se falava.
Não esquecerei jamais, a tal propósito, quanto foi enriquecedor para mim o mês
em que fui convidado a viver com os mendigos da cidade de Zurique durante o meu
caminho de formação. Em alguns momentos pensei que não superaria o desafio,
porque faltava o ambiente sereno e protegido do convento, contudo aprendi a ver
o pobre não mais sob o manto do romantismo, mas como uma pessoa em grave
dificuldade e muitas vezes marcada em todas as dimensões do seu ser. Agradeço
aos meus formadores de então que nos prepararam para viver esta experiência e
em seguida nos ajudaram a ter consciência do caminho feito. Neste sentido, o
caminho formativo deve assumir as conotações de um verdadeiro processo e se
evite toda forma de fragmentação.
25.
Para os formadores das várias etapas é importante poder valer-se do apoio da
fraternidade, que se sintam envolvidos e co-responsáveis no trabalho formativo.
O dever da iniciação e da formação inicial específica é de toda a fraternidade.
É, pois tarefa dos Ministros prestar especial atenção quando compõem as
fraternidades nas quais si cumprem cada
etapa do caminho de iniciação à nossa vida. Parece-me útil exortar os Ministros,
a seguir com muita atenção e com zelo todas as pessoas empenhadas no caminho
formativo inicial.
4.2
Acompanhamento personalizado
27.
O caminho da iniciação é uma proposta feita a todos os candidatos a nossa vida
nas várias etapas do percurso de formação inicial. Todavia, é necessário que
haja também o acompanhamento personalizado, pois acolher e integrar o que é
proposto, é algo que varia de pessoa para pessoa. Isto vale tanto para os
candidatos que entram na idade adulta como para os que entram muito jovens.
Quem escolhe a nossa vida, é chamado a deixar para trás toda uma realidade de
afetos e de realizações para abraçar um novo ideal, nem sempre, imediatamente
assimilado. A passagem que descrevemos pode não acontecer, mesmo que nas
aparências o candidato se mostre adequado a todos os comportamentos dele
esperados. O acompanhamento pessoal permite ao candidato enfrentar os desafios
de cada passo proposto pelo formador, de dar-se conta de que uma adequação
somente exterior não poderá jamais realizá-lo. Aprende, outrossim, a
identificar quais os obstáculos mais difíceis de superar, e aprende também a
conhecer-se melhor e a experimentar em seu íntimo a beleza do caminho que lhe é
proposto. É indispensável que se conscientize do que quer fazer da sua vida
diante do chamado que o Senhor lhe dirigiu.
28.
O processo formativo exige também que sejam feitas verificações oportunas do
caminho percorrido por cada candidato. O acompanhamento lhes permitirá assumir
a futura interiorização dos valores proclamados e constatar se já atuam na
vida, nas suas escolhas, em seu modo de pensar e de agir. Integrar e consolidar
os novos valores exige uma caminhada paciente, lenta, progressiva. Por isso não
podemos nos contentar pelo fato de que alguém seja um ótimo executor do quanto
lhe é proposto. O fato de obedecer exatamente ao que é pedido não revela
necessariamente que o candidato à nossa vida acolheu a orientação em seu coração. Nisto
acho absolutamente genial o que nos deixou São Francisco quando fala da
obediência caritativa. Isso revoluciona completamente o discurso e dá um salto
qualitativo de grandíssimo nível. Obedecer amiúde significa simplesmente
executar uma ordem e isto eu posso fazer também sem aderir interiormente ao que
me é pedido. No melhor dos casos eu adiro e faço como num ato de confiança em
quem me pediu algo. De passivo me torno ativo! Faço meu o que num primeiro
momento me parecia como uma ingerência proveniente do exterior. Mas Francisco,
na III Admoestação, explicita seu pensamento retomado e bem estruturado pelas
nossas Constituições (Const. 164-167),
propondo-nos um tipo de obediência que simplesmente supera o ser executor para
assumir as conotações de iniciativa pessoal[19]. Não espero que me peçam algo, exatamente
porque estou atento às necessidades que vejo, eu tomo a iniciativa e ajo antes.
Torno-me propositivo em relação a cada irmão e a toda a fraternidade. Existem
os que jamais tomam uma iniciativa por medo de errar e de arcar com as
conseqüências. Isto é muito perigoso, pois significa que alguém cresce
unicamente sob o signo do medo. Basta pensar na parábola dos talentos no relato
de Lucas! (Cf. Lc 19). É realmente
para questionar-se quando um candidato jamais manifesta interesse particular
por nossa história, pelos confrades ou pelos trabalhos de uma Circunscrição.
Está presente fisicamente, mas ninguém sabe onde está seu coração!
29.
Compete em primeiro lugar ao formador responsável por uma etapa específica
acompanhar o candidato no caminho de integração dos valores significativos de
nossa particular forma de vida. Cabe a ele mostrar-lhe a meta a atingir e as
modalidades do caminho a percorrer. Assim ele é mais do que um observador
neutro, pois envolve a si mesmo e a sua própria opção de vida na delicada
tarefa que lhe foi confiada. Convicto da bondade de nossa forma de vida, ele
não teme propor ao irmão que acompanha, novos desafios em vista da meta a
atingir. Se em seu coração está o interesse pelo crescimento do candidato, não
deixará, se necessário, de interpelar-lhe para fazê-lo sair da tibieza. Como
foi indicado acima, o formador é chamado a exercitar uma paternidade, sendo o
seu dever promover o crescimento humano e espiritual do jovem a ele confiado.
Neste sentido eu acho que se trata de um dever apaixonante e de grande
responsabilidade. Hoje muitos temem assumir esse trabalho. Seu temor não se
deve unicamente ao fato de pensar em não estar suficientemente preparados para
o encargo, mas pela distância que se interpõe entre o formador e o resto da
fraternidade. A incerteza do formador, na maioria das vezes, não é senão um
reflexo da incerteza de toda a fraternidade. Não basta ter adquirido uma
competência profissional se a fraternidade como tal parece ter perdido a bússola
e atravessa uma profunda crise de identidade. Neste sentido o formador não pode
suprir as deficiências de todo um grupo. Com isso quero dizer que a crise dos
formadores é sempre a crise de toda uma fraternidade. Devemos trabalhar muito
ainda para melhorar a preparação específica dos formadores, dando-lhes
instrumentos humanos e espirituais adequados, mas isto não basta. Aos
responsáveis pelas várias Circunscrições quero lembrar o quanto é importante a
formação permanente entendida como caminho contínuo de renovação da nossa vida.
Neste sentido me parece evidente que muitas das dificuldades que encontramos no
plano da formação inicial não são senão o reflexo de uma crise que estamos
vivendo em outro plano. Disto deve nascer a consciência de que estamos todos
diante de um grande desafio e uma responsabilidade que envolve a todos. Não me
causam temor os frades que afirmam que a Ordem está passando por uma crise de
identidade, mas os que, acomodados, abandonaram toda a busca e não têm a menor
preocupação em avançar para novos horizontes. Aos formadores devemos muito
reconhecimento e toda a Ordem deve sentir-se comprometida em dar-lhes apoio,
criando as condições para que possam realizar serenamente o seu trabalho.
5. Os tempos do caminho formativo inicial – algumas
observações
30.
Levar um candidato até à profissão perpétua, verificando se fez uma progressiva
assimilação dos nossos valores e que esteja em condição de assumir a sua vida e
as relativas escolhas a partir de sua consagração a Deus em nossa fraternidade,
exige, além do que foi amplamente apresentado, o tempo necessário para que isso
possa acontecer. As nossas Constituições previram sabiamente três etapas com
uma duração mínima de 5 ou 6 anos: postulado, noviciado e pós-noviciado. A
realidade se tornou muito complexa e hoje não podemos prescindir de diferenciar
o discurso sobre os tempos necessários para realizar o caminho da formação
inicial. Esta carta, digo mais uma vez, não pretende enfrentar todos os pontos
e as dificuldades que se apresentam ao longo deste caminho. Interessa-me,
porém, iluminar alguns problemas e indicar alguns pontos nodais, onde a Ordem é
chamada a assumir decisões que orientem de modo diverso o caminho.
5.1 O
postulantado
31.
Entrando no mérito dos percursos de formação inicial da Ordem, devemos
considerar dois dados fundamentais: existem áreas geográficas, sobretudo as do
hemisfério norte, nas quais quem nos procura, o mais das vezes, já é adulto e
traz consigo um caminho de vida e de busca mais ou menos longo, enquanto em
outras regiões, sobretudo as do sul, vigora ainda um percurso seminarístico, onde os jovens buscam a nossa vida antes
dos vinte anos de idade. Por diversas razões, em ambos os casos, se adverte
sobre a necessidade de prolongar o período que precede o noviciado. Ao norte,
muitos candidatos vêm a nós após uma experiência de conversão e depois de ter
deixado por muito tempo toda prática religiosa, por isso se adverte
urgentemente a necessidade de um adequado caminho catequético e de uma
integração progressiva dos valores religiosos básicos. No sul, pela pouca idade
dos candidatos, chama-se a atenção para a necessidade de favorecer o processo
de maturidade que permita fazer opções conscientes e responsáveis. Eis porque
algumas Circunscrições, sobretudo as da Índia, me informam que previram além do
tempo do aspirantado, dois anos de postulantado, mais um ano de pré-noviciado.
Por diversas razões a necessidade de prolongar os períodos que precedem o
noviciado parece ser uma exigência comum a todas as Circunscrições da Ordem. A
escolha de intensificar este período e de diferenciá-lo nas propostas
formativas é louvável e necessário. Toda esta fase é dedicada principalmente ao
discernimento vocacional e quem pede para ser admitido ao noviciado deve estar
plenamente consciente do que pede. Algumas Circunscrições, exatamente para
prolongar o período do discernimento e favorecer uma sã maturação antes da
entrada no noviciado, optaram por antecipar o estudo da filosofia para o
período do postulantado. É de se perguntar: não seria mais oportuno buscar essa
meta aplicando-se ao aprofundamento do que é proposto nas nossas Constituições
para esta primeira etapa da formação inicial?[20]
5.2 O
noviciado
32.
O noviciado parece ser a etapa que tem menos problema. Decididamente é também a
etapa mais protegida pela legislação da Igreja. É durante este período que os
candidatos são iniciados mais intensamente em nossa vida e fazem uma
experiência mais profunda (Const.
29). Onde o noviciado é comum a várias Circunscrições, surgem aqui e acolá
dificuldades sobre a impostação mais ou menos rígida a ser dada a ele. Para mim
em geral, o perigo parece ser a excessiva idealização desta etapa, o que pode
fazer pensar que seja este ano suficiente para lançar as bases para toda a vida
que segue. Concluo do fato que em muitos lugares o período que se segue o do
pós-noviciado, é consagrado em primeiro lugar aos estudos acadêmicos,
descuidando-se a dimensão iniciática desta etapa formativa. Este é um desafio
que exige uma reflexão aprofundada por todos. Reflexão à qual deverão seguir,
mais cedo ou mais tarde, decisões apropriadas.
5.3 O
pós-noviciado
33.
Agora é importante dedicar a nossa atenção à etapa do pós-noviciado. Faz anos
que esta é a etapa mais controversa e que suscita o maior número de
interrogações. Talvez tenhamos feito do noviciado um mito e por isso a etapa
sucessiva aparece bastante enfraquecida tanto nos seus conteúdos como na sua
modalidade. O pós-noviciado deve ser considerado, em primeiro lugar, como o
tempo em que os valores aprendidos no noviciado são aprofundados e integrados
na vida de cada irmão professo temporário, na realidade de cada dia. De fato,
ninguém poderá ser admitido à profissão perpétua, se estes valores, além de
estarem integrados, não estão ainda consolidados e sem que cada candidato dê
suficiente garantia de poder viver com empenho e serenidade os seus votos.
Vivida com coerência, a nossa vida é fonte de júbilo e de serenidade! Não
podemos deixar de verificar se os valores propostos entraram efetivamente na
vida do professo temporário. Isso leva tempo e exige modalidades formativas
adequadas. A meta permanece a da consagração definitiva e da consolidação de
uma atitude de disponibilidade incondicional à fraternidade para o bem e o
crescimento do Reino de Deus.
34.
Tratando deste assunto, o perigo imediato é o de perder-se numa dissertação
estéril sobre os modos de como estruturar este período. Em si não se trata
tanto de discutir se durante o pós-noviciado eles devem ou não estudar. É
natural e ninguém o contesta que também o postulantado e o noviciado são tempos
de estudo. O pós-noviciado também deve ser tempo de estudo. E de se perguntar
antes: que tipo de estudo se pode fazer durante o pós-noviciado? As nossas
Constituições não excluem o estudo durante este período e até prevêem que: “De
acordo com as próprias inclinações e graças, os frades dediquem-se a um estudo
mais profundo da Sagrada Escritura, da teologia espiritual, da liturgia, da
história e da espiritualidade da Ordem, e exerçam apostolado de diversas formas
e também trabalhos domésticos. Tal formação, porém, deve ser feita sempre em
função da vida e do amadurecimento contínuo das pessoas” (Const. 30,3). É evidente que o tipo de estudo previsto pela nossa
legislação visa em primeiro lugar reforçar a inserção na vida consagrada e o
aprofundamento dos vários aspectos do nosso carisma. Por outro lado, no
parágrafo precedente, as Constituições afirmam que “como a vida fraterna
evangélica ocupa o primeiro lugar em nossa vocação, deve ter prioridade também
no tempo de pós-noviciado. Por isso, dê-se a todos os frades a mesma formação
religiosa, em tempo e modo determinados pelo Ministro Provincial com consenso
do Definitório” (Const. 30,2). O IV
CPO fala nestes termos: “é o período de aprofundamento e de maturação de
empenho assumido na primeira profissão e prepara os frades para a profissão perpétua
como escolha definitiva da vida evangélica” (CPO IV, 67). Estes textos falam de
estudo e de aprofundamento finalizados na escolha definitiva da nossa vida, não
falam de formação especial a fim de receber ordens sacras (Cfr. Const. 39). Não esqueçamos que o acento
é posto no fato que esta formação é destinada a todos os frades enquanto
frades; o que significa que esta finalidade está na base e no objetivo da iniciação
à nossa forma de vida, e prescinde da escolha de orientar-se ou não para as
ordens sacras. Na realidade, porém, embora o termo “pós-noviciado” seja de uso
comum na Ordem, isso parece ser entendido em primeiro lugar como nova
denominação do que antes era chamado Estudantado filosófico-teológico ou
Seminário.
35.
Do exposto sobre as tendências que preocupam os valores a serem transmitidos e
as modalidades e os tempos para fazê-lo, creio que o argumento central de toda
a discussão não pode ser se se deve estudar ou não, no período do
pós-noviciado, mas antes sobre o modo e os tempos que promovam a maior e
progressiva iniciação à nossa vida e aos valores que são seu fundamento. E não
é nem sequer uma questão de modelos vários: experiencial ou seminarístico[21]. Sobre isso devemos ser muito coerentes, pois
corremos o perigo de querer atingir a vários objetivos contemporaneamente: por
exemplo, o da preparação à profissão perpétua e o da formação em vista das
ordens sacras. Não nos damos conta, infelizmente, de que assim temos uma falta
de clareza, em detrimento do objetivo primário a atingir: a maturidade afetiva,
a fé “adulta” e a interiorização dos nossos valores, premissas fundamentais
para aceder à profissão perpétua; as condições indispensáveis para enfrentar o
estudo científico da filosofia e da teologia com as suas sérias e envolventes
exigências.
O IV CPO, 22 afirmava: “É preciso distinguir
claramente a formação para o sacerdócio ou a uma profissão. Sobretudo nos
primeiros anos da iniciação, a formação para a nossa vida deve ter a prioridade
absoluta”. Nos casos em que o programa do pós-noviciado atualmente prevê a
inserção de parte da formação especial, é preciso avaliar a sua impostação e
verificar até que ponto ela corresponde às exigências da iniciação à nossa vida
de acordo com as Constituições. Sobretudo é preciso dispor de um programa que
salvaguarde efetivamente a prioridade da consagração religiosa e da nossa forma
de vida fraterna, assegurando de fato e em tudo a mesma formação para todos os candidatos.
36.
Diante dessas inquietantes tendências que sublinhei no início da carta, devemos
nos interrogar seriamente sobre o caminho a tomar para atingir o objetivo: a
doação total, jubilosa e desinteressada de si, em cada um dos candidatos à
nossa vida. Com esta carta quero comunicar a todos os frades da Ordem qual é o
meu desejo e do Definitório Geral para iluminar as dificuldades do momento,
mas, sobretudo para envolver a Ordem numa reflexão construtiva sobre as
modalidades para atingir, em novas condições, a disponibilidade completa que me
parece ser o fruto mais belo de todo o caminho de consagração. Estou consciente
de que existem Circunscrições que conhecem outros tipos de dificuldade,
diversas das acima mencionadas, mas o que é importante é a possibilidade de
instaurar um clima fraterno de diálogo sobre um tema tão delicado, como é o da
formação inicial. O diálogo deve acontecer sempre à luz do que prometemos e
para o que pretendemos conduzir as
pessoas que pedem abraçar a nossa forma de vida. Em outras palavras, cada um de
nós deve ter sempre presente o carisma que nos deixou São Francisco e o que a
reforma capuchinha amadureceu. Nós não podemos nos contentar com soluções
baratas, talvez individuadas em referências a um mal compreendido critério de
pluriformidade. As formas podem ser
diversas, mas não certamente de baixo valor!
6.
Pontos firmes
37.
Queremos dialogar com todos vocês sobre como melhorar o percurso da formação
inicial em nossa Ordem.
O que não significa querer redefinir tudo. O que afirmam as
Constituições é válido e exige que seja feito com exatidão e fidelidade: a
grande intuição da Ordem sobre a iniciação
dos candidatos à nossa vida ainda
não foi compreendida e nem suficientemente aprofundada. Por conseguinte, salvo
ajustes secundários e casos episódicos, em geral a impostação da formação
inicial permanece mais ou menos como a tradicional.
As Constituições de qualquer modo poderão
posteriormente ser enriquecidas e melhoradas. Antes, exatamente em referência a
alguns aspectos da formação, as Constituições deveriam ser integradas a fim de
que na Fraternidade se desenvolva mais o senso de comunhão e de colaboração não
só das Circunscrições entre si, mas também com o centro da Ordem e que isto
possa oferecer a cada Fraternidade todo contributo possível para a iniciação
dos candidatos, para a formação inicial e permanente dos frades. O delicado
setor da formação constitui um desafio contínuo para todos; se de um lado a
responsabilidade imediata recai sobre os Ministros das Circunscrições, por
outro, envolve o Ministro Geral, que a
nível de Ordem, junto com o Definitório, deve assumir a função da animação e do
governo, da qual não pode abdicar, posto que a formação dos religiosos é uma
obrigação direta e inalienável de todo Instituto.
38.
Adverte-se, portanto a exigência de dotar a Ordem de uma Ratio formationis ou “Projeto Formativo”, no qual sejam expostos os
objetivos, os programas e os itinerários concretos de todo o processo formativo
dos frades. Antes de elaborar esse projeto, como seu pressuposto, é necessário
que se defina e se descreva ao menos em grandes linhas o específico percurso da
iniciação à nossa vida nas três etapas do postulantado, do noviciado e do
pós-noviciado. A “iniciação à nossa vida”, considerada pelas Constituições em
analogia à iniciação cristã, implica num esboço concreto de um caminho
“catecumenal” que conduz à profissão perpétua em nossa Ordem.
É igualmente necessário que seja delineado
melhor o tipo de formação específica para os frades que se preparam às ordens
sacras. Só depois destes trabalhos preliminares será possível orientar o
trabalho da Ratio formationis ou do
“Projeto Formativo” no sentido estrito. Desde agora empenhamos o Secretariado
Geral da Formação a fim de que, com a contribuição de “peritos”, ajude a Ordem
a dar os devidos passos nesta direção.
Também cada circunscrição ou grupo de
circunscrições, como já é previsto nas Constituições (Const. 24,7), devem ter o seu plano formativo. Estes instrumentos
particulares devem ser coerentes com o nosso carisma.
39.
Desejo, além disso, recordar outros aspectos que a Ordem andou amadurecendo nos
últimos tempos e que são considerados “pontos firmes” e de referência também
para o futuro:
- Há Circunscrições que têm poucos candidatos à
nossa vida e que iniciaram uma caminhada de colaboração com outras
Circunscrições para garantir as melhores condições para o próprio percurso
formativo. Trata-se de uma escolha justa e sábia, pois assim se permite a cada
candidato cumprir o percurso formativo junto com outros e usufruir da presença
de um ou mais formadores “livres de todo empenho que possa impedir o cuidado e
a orientação dos candidatos” (Const.
26,4). Certamente não é oportuno interromper uma relação de colaboração pelo
simples fato de num ano se dispor de um maior número de “próprios” candidatos.
A nossa Ordem deve ainda amadurecer para ter colaboração em todos os níveis, e
não só no campo formativo, um valor a perseguir e a reforçar.
- Hoje é comprovado que o caminho de iniciação
à nossa vida exige o acompanhamento personalizado que permita a cada irmão
caminhar expeditamente e enfrentar os aspectos que o atingem de perto e exigem
que ele tenha maturidade. Algumas Circunscrições que dispõem de muitos jovens
em formação optaram por comunidades com dez candidatos, no máximo. Isto lhes permite consolidar as premissas do
profícuo caminho de integração fraterna e de garantir a cada um o
acompanhamento necessário. As Circunscrições ou grupos de Circunscrições que
continuam, durante o tempo da iniciação, a ter casas de formação com um número
considerável de jovens em formação (20, 30 ou mais), devem interrogar-se
seriamente e avaliar responsavelmente se deste modo si garante efetivamente,
com um acompanhamento personalizado, a iniciação à vida de consagração e a aprendizagem
da vida fraterna. Parece evidente que, para chegar aos objetivos acima
expressos, o número elevado de formandos reunidos na mesma fraternidade,
certamente não constitui uma condição favorável a um bom acompanhamento.
Pode-se tentar remediar acentuando a disciplina, mas isso não pode ser
equiparado sic et simpliciter ao ato
de formar!
- O pós-noviciado é a fase da iniciação em que
são aprofundados e integrados os valores transmitidos durante o noviciado em
vista da profissão perpétua. Contemporaneamente aos momentos de estudo
previstos pelas nossas Constituições (Const.
30, 3), a serem realizados segundo as modalidades típicas da iniciação, (o
jovem) é fortalecido com prolongada experiência de vida ao lado dos pobres,
inserido em compromissos pastorais, dedicando-se aos serviços domésticos, ao
trabalho manual e à oração contemplativa, como momentos formativos
irrenunciáveis. É importante que esta dimensão experiencial não seja um fato
fragmentado, mas acompanhe o irmão na formação ao longo de todo o caminho desta
etapa específica que leva à profissão definitiva em nossa vida.
- Atualmente ocorre que durante o pós-noviciado
os candidatos à nossa vida freqüentam cursos de formação inicial específica em
Institutos religiosos externos. Tais situações sejam seriamente avaliadas e
eventualmente revistas à luz do significado e da meta do pós-noviciado, além da
sua índole própria em função da vida religiosa em nossa Ordem. Em
cada caso também em tais situações deve seguir-se quanto foi dito acima a fim
de que efetivamente seja garantido aos candidatos fortes referências em tudo o
que diz respeito ao nosso carisma franciscano e capuchinho.
40.
Existem outros temas que eu queria tratar com vocês nesta carta e que estão, de
modo especial, no coração do atual Definitório Geral. Refiro-me de modo
particular aos temas ligados à formação inicial específica em preparação à vida apostólica no ministério ordenado ou em outra
profissão e à formação permanente, à colaboração entre as Circunscrições como
valor a ser promovido em todos os níveis da formação e em outros âmbitos da
nossa vida, no apostolado ou nos projetos de casas de oração e de acolhimento.
Eles serão o tema da próxima carta.
41.
Gostaria de solicitar que cada um se interrogue a quem entregou a sua vida e
qual é o modo de viver a própria consagração. É importante interrogar-se por
quem e por qual causa estou disposto a dar a minha vida! Renovando em nós o
sagrado fogo da nossa vocação, estou convencido de que conseguiremos também renovar
as pistas a serem propostas para o caminho da formação inicial. Ela não pode
ser apenas atributo dos Superiores e dos formadores, mas diz respeito a todos
os frades. Diante dela não se pode manter distância ou assumir uma posição
neutra. Tudo isto será claramente em prejuízo do caminho formativo. A vida
religiosa é vivida em tempos, lugares e culturas bastante diversas. A nós cabe
o desafio de enfrentar estas dimensões com espírito fraterno e num clima de
comunhão. Todos sairemos enriquecidos! Que o nosso Pai e fundador, São
Francisco, abençoe o nosso empenho neste campo!
Roma, 8 de dezembro de 2008, Solenidade da
Imaculada Conceição
Frei Mauro Jöhri
Ministro
Geral OFMCAP
[2] O Conselho Internacional da Formação foi
nomeado em 21/06/2007.
[4] O Departamento Geral da Formação é composto
pelo Presidente (Definidor Geral), Secretariado Geral da Formação e pelo
Conselho Internacional da Formação.
[5] Analecta
OFMCap 124
(2008), 36. O Secretariado Geral da Formação atualmente é composto por: fr. Rocco Timpano (Secretario
Geral da Formação), fr. Piero Erik Véliz Valencia, fr. Patrick Crasta e fr.
Marek Karol Miszczyński.
[6] Recordo que as nossas Constituições prevêem
três tipos de formação: inicial, especial e permanente.
[8] O nosso compromisso missionário é outro tema
que merece especial atenção e aprofundamento. Lembro apenas que nossa Ordem consagrou ao tema o III Conselho
Plenário. O artigo 1º do XII capítulo das nossas Constituições tem como título:
Serviço missionário da Ordem.
[9] Cfr. São Francisco, Carta ao Capítulo Geral e a todos os frades 62, FF 233.
[12] A afirmação de Pio XII dirigida aos
Capuchinhos em 1949 é retomada no artigo de GIUSEPPE SCALVAGLIERI
in Laurentianum , 48 (2007) 3, 377-476.
[13] São as palavras que me dirigiu o Papa Bento
XVI na Audiência privada de 5 de janeiro de 2007.
[14] Cfr. São Francisco, Testamento, 16, FF 116.
[15] Cfr. São Francisco, Louvores ao Deus Altíssimo, FF 261.
[16] H.U. von Balthasar, Lo Spirito e
l’Istituzione, Brescia 1980.
[17] São Francisco, Regra não bulada, IX, FF 29-33.
[18] Cfr. São Francisco, Testamento, 1-2, FF 110.
[19] Cfr. São Francisco, III Admoestação, FF. 148-151. Cfr. sobre este tema, Giovanni
SALONIA, Odòs – La Via della vita. Genesi
e guarigione dei legami fraterni,
Bologna 2007
[20] Const. 28,2, Cfr. também os Atos do Encontro sobre o
Postulantado em Analecta OFMCap
109 (1993), 475-483.
[22] Ao redigir esta carta me inspirei entre outras
fontes, nos três anos passados no Instituto de Formação Integral de Montreal.
Para posteriores referências ver: Jeannine GUINDON, Vers l’autonomie psychique. De la naissance à la mort, Montréal 2001
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